“Barreira arquitectónica”. É desta forma classificado um edifício, de 15 pisos, previsto no projecto da futura marina de Setúbal. A consulta pública sobre a Proposta da Definição de Âmbito (PDA) do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) para a futura marina de Setúbal, está a suscitar polémica, com a Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA) e o PS Setúbal na primeira linha da contestação.
O imóvel, destinado a um hotel, ficará na zona central da marina, junto ao rio, no local onde está hoje o Clube Naval Setubalense, e, para a LASA, é necessário reduzir a cércea desse edifício. “A altura projectada para esse imóvel, 15 pisos, cria uma barreira permanente entre a cidade e o rio, não respeitando o perfil urbano ideal, escalonado da serra [da Arrábida] para a Baía (clube das mais belas baías do mundo), não assegurando a democratização do direito à fruição da paisagem e estabelecendo um corte abrupto e definitivo com a escala do Centro Histórico, suas referências culturais e urbanas no perfil da imagem da cidade”, refere o parecer da LASA sobre o projecto.
A associação, que tem estatuto de interesse público e de organização não governamental de ambiente (ONGA), recorda que “a Avenida Luísa Todi conta, infelizmente, com dois casos disruptivos até hoje impossíveis de integrar física e afectivamente na cidade”, referindo-se a dois prédios mais antigos que, pelas suas dimensões, se destacam na paisagem urbana.
A necessidade de requalificação da frente ribeirinha de Setúbal, é premente mas advoga a existência de “pressupostos distintos dos apresentados” e sublinhando que o empreendimento ficará localizado na zona de dois edifícios classificados: o Baluarte do Livramento, da linha de muralhas do Século XVII, e edifício da Segurança Social – numa zona “da mais elevada relevância histórica, urbanística, paisagística, identitária, e económica da cidade”, pelo que as “intervenções levadas a cabo neste espaço deverão ser cuidadosamente ponderadas pelos setubalenses.
No caso da LASA, as preocupações estendem-se a ainda a outros aspectos, além da altura do hotel. A somar a estas questões a LASA não está também convencida nem quanto à localização nem à dimensão da marina.
No seu entender, “os pressupostos constantes dos objectivos do projecto ‘promoção de uma maior e melhor relação entre a cidade e o rio’ carecem de fundamentos”, conclui o parecer da associação.