Acessível por um pequeno trilho, junto ao Lar de Férias da Casa do Gaiato, ou por mar (mas não recomendamos, porque é mais traiçoeiro) está escondida aquela que é uma das pérolas da Arrábida: a Lapa de Santa Margarida.
Uma pequena gruta, aberta para o mar, com uma pequena capela no centro, dedicada a Santa Margarida, a Lapa podia ser um destino muito mais apetecível, não fossem os óbvios sinais de vandalismo que sofreu ao longo dos anos, mas é, ainda assim, um sítio que vale a pena visitar.
O caminho até lá, já por si, vale a pena, com um miradouro bastante convidativo mesmo à entrada, mas a viagem não ficaria completa sem entrar. No interior da gruta, parece que estamos dentro de uma sala de cinema, onde a escuridão é cortada por uma tela, onde o filme é o mar. O som das ondas ecoa pelas paredes, criando um ambiente mágico e relaxante. Não se recomenda a visita em dias de mar mais agitado, ou pelo menos que se aproximem demasiado da entrada do mar, pois o piso escorregadio pode ser traiçoeiro.
Pouco se sabe das origens da capela, apenas que terá sido construída algures nos séculos XVII ou XVIII. Santa Margarida, padroeira das grávidas, não seria a escolha óbvia para a zona da Arrábida, com santos ligados ao mar ou aos pescadores mais frequentes, mas pelo formato da gruta a lembrar um útero, calcula-se que poderia ser um antigo altar pagão onde as mulheres iam fazer oferendas para assegurar a sua fertilidade. No altar, imagens de Santo António e Nossa Senhora da Conceição acompanhavam Santa Margarida, o que parece fortalecer essa ligação.
O mito urbano garante que continua a ser palco de rituais de bruxaria e sacrifícios, com vestígios de fogueiras frequentemente encontrados, mas grande parte desses rituais, pouco mais são do que vandalismo. Ainda assim, um sítio que se deve visitar… durante o dia, não vá o diabo tecê-las.