FiSahara: O Festival Internacional de Cinema do Saara Ocidental chega ao Seixal

O Seixal está prestes a receber mais uma edição do FiSahara – Festival Internacional de Cinema do Saara Ocidental. Este festival anual de arte cinematográfica e cultura de direitos humanos tem como objetivo aumentar a consciencialização internacional sobre a ocupação e repressão marroquina no Saara Ocidental. Através de uma seleção de filmes produzidos e dirigidos por cineastas saarauís, o FiSahara procura retratar a luta do povo saarauí e abordar questões culturais e de direitos humanos.

Programação

O FiSahara vai ter lugar no Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal, nos dias 3, 4 e 5 de outubro, pelas 21h30. Contará com uma programação diversificada, apresentando uma coletânea de filmes que abordam diferentes aspectos da ocupação marroquina no Saara Ocidental e a resistência do povo saarauí.

No dia 3 de outubro, o festival começa com a apresentação do filme “A Vida nos Campos”, uma obra gravada no México, Saara Ocidental e Espanha em 2020. Tem uma duração de 53 minutos e é apresentado no idioma árabe hassani. Esta produção fala sobre o modo de vida dos saarauís e como muitas famílias acabaram por viver no exílio em campos de refugiados.

No dia 4 de outubro serão apresentados três filmes com histórias de reflexão sensíveis. O tema é “A Mulher Saarauí” e terão uma duração total de 82 minutos. Aqui será apresentado o filme “Mutha y la muerte de Hamma-Fuku”, uma obra sobre uma pessoa que procura minas antipessoais no deserto do Saara Ocidental e que, todos os dias, enfrenta a morte. Cada mina terrestre explodida lembra-lhe que salvou uma vida, mas também que uma mina marcou o seu destino. Mutha não está sozinha entre o fogo e a areia, ao seu lado, uma presença paralisa-a, mas também a força a continuar a procurar.

Em seguida, será mostrado “Insumisas”, de Laura Dauden e Miguel Angel Herrera, onde é representada a forma como as mulheres saarauís estiveram sempre na vanguarda da resistência contra o colonialismo e a pilhagem do território por Marrocos. Apesar da repressão em Marrocos, intensificada pelo colapso do cessar-fogo com a Frente Polisário em novembro de 2020, ativistas que vivem sob ocupação reuniram-se para documentar a violência perpetrada contra as suas filhas, mães, irmãs e avós desde 1975. Este documentário explora esse processo histórico através das vozes das protagonistas como vítimas, pesquisadoras e ativistas internacionais.

Para finalizar este dia, o filme “Running Home” fala de Inma, um atleta de 24 anos que encontra alguns documentos de adoção, onde é revelado que a terra natal da mãe biológica é El Aaiún, no Saara Ocidental. Nunca ouviu falar do país e decide treinar para uma maratona internacional realizada nos campos de refugiados saarauís no Norte de África. É uma oportunidade única, algo que nunca pôde fazer durante a sua infância em Espanha.

No último dia, 5 de outubro, será apresentado um conjunto de dois filmes, chamado “O Espólio de Recursos Naturais”. Neste momento de 58 minutos serão mostrados os filmes “Ocupación S.A.”, de Laura Dauden e Sebastián Ruiz Cabrera, e “3 Cámaras Robadas | 3 Stolen Cameras”, de Equipe Media e RåFILM.

Na primeira realização será retratada uma traição, uma abordagem minuciosa e sem precedentes. O documentário apresenta os nomes dos empresários e políticos espanhóis envolvidos na exploração económica do Saara Ocidental, a última colónia em África e um dos territórios mais violentos, militarizados e censurados do mundo. Os testemunhos registados neste documentário revelam a cadeia de silêncios e mentiras que começa nos centros de poder europeus e termina nas cidades ocupadas por Marrocos, onde os homens e as mulheres saarauí resistem à privação e negação dos seus direitos.

Já o último filme deste festival internacional fala sobre como os membros do coletivo Equipe Media no Saara Ocidental lutam para manter as suas câmaras de filmar seguras. Esta é a história sobre como ultrapassar a censura numa zona onde as autoridades marroquinas conseguiram implementar um bloqueio, quase absoluto, aos meios de comunicação social.

Catálogo de filmes

Uma das principais iniciativas do FiSahara é a criação de um catálogo de filmes que retratam a luta do povo saarauí e a ocupação marroquina no Saara Ocidental. Desenvolvido pela organização não governamental “Nomads”, este catálogo reúne 230 produções cinematográficas de diferentes épocas, documentando os principais eventos desde o fim do período de colonização espanhola até a ocupação marroquina.

O catálogo está disponível em inglês e espanhol e oferece ferramentas de pesquisa para facilitar o acesso aos filmes. Além disso, quer tornar-se uma referência para pesquisadores, jornalistas e eventos cinematográficos ao redor do mundo que desejam abordar a causa saarauí. É uma fonte confiável de informações sobre a ocupação marroquina no Saara Ocidental e a luta do povo saarauí pela sua soberania.

O FiSahara promete trazer uma experiência cinematográfica única, com um programa diversificado e filmes que abordam temas relevantes sobre a ocupação marroquina no Saara Ocidental. Durante três dias, o público terá a oportunidade de se emocionar, refletir e consciencializar-se sobre a luta do povo saarauí através da arte cinematográfica. Não perca a oportunidade de participar neste evento e conhecer melhor a cultura e a história do Saara Ocidental.

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