Há uma década, as ruas do Seixal foram palco de uma intervenção fotográfica intrigante, conhecida como “Beber da Fonte”. Agora, esta memória ganha uma nova vida, com um toque de pincel e tinta. A artista Teresa Palma Rodrigues uniu estes dois mundos, criando uma reflexão profunda sobre a identidade, o território e a relação entre o indivíduo e o espaço urbano.
A Exposição “Beber da Fonte”: Uma Década Depois
A exposição “Beber da Fonte” originalmente aconteceu durante as Festas Populares de São Pedro de 2014, ocupando os MUPI (Mobiliário Urbano para Informação) ao longo da marginal do Seixal. A artista ampliou fotografias de elementos representados nos painéis de azulejo que decoram os chafarizes da região, sobrepondo-as a frases ingenuamente escritas nas paredes. Este contraste entre a imagem e o texto revelava uma reflexão pessoal e individual sobre a identidade, o território e o sentimento de pertença.
Agora, ao celebrar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, a Câmara Municipal do Seixal traz essa exposição de volta, com uma nova roupagem. A cultura é encarada como um “serviço público que assegura o direito de todos” ao acesso, à criação e à sua fruição, sendo uma das formas mais importantes de fazer ouvir todas as vozes e de fortalecer a identidade dos povos.
As festas populares, como as de São Pedro, ocupam um lugar especial nesta narrativa. Representam o encontro entre o individual e o coletivo, o religioso e o profano, o passado e o presente. Estes rituais celebram a vivência comunitária do trabalho, da religião, do lazer, da identidade e da memória, num eterno retorno.
A Intervenção Artística de Teresa Palma Rodrigues
Nesta nova exposição, Teresa Palma Rodrigues retoma a sua intervenção artística, mas agora com um elemento adicional: a pintura. Sobrepõe traços de pincel e tinta às fotografias ampliadas, criando uma nova camada de significado. Esta fusão de linguagens artísticas convida-nos a uma reflexão ainda mais profunda sobre a relação entre o indivíduo, o espaço e a identidade.
A artista lembra-nos que a memória e a identidade são elementos fundamentais na formação da consciência, da soberania e da identidade dos povos. Ao revisitar esta intervenção fotográfica, convida-nos a repensarmos a nossa própria relação com o território, com o passado e com o sentimento de pertença.
A nova exposição de Teresa Palma Rodrigues está em exibição na Galeria de Exposições Augusto Cabrita, localizada no Fórum Cultural do Seixal. A entrada é livre, e o público poderá visitar as telas de terça a sexta-feira, das 10 horas às 20h30, e aos sábados, das 14h30 às 20 horas. A inauguração ocorreu no passado sábado, 27 de julho, e a exposição ficará aberta até 24 de agosto.
A nova exposição de Teresa Palma Rodrigues é muito mais do que uma simples mostra de arte. É uma jornada de autoconhecimento, uma reflexão sobre a identidade, o território e o sentimento de pertença. Ao fundir fotografia e pintura, a artista convida-nos a experimentar uma narrativa multissensorial, que nos desafia a repensar a nossa relação com o espaço e com a comunidade. Esta exposição é um verdadeiro espelho da identidade local, um convite a nos reconhecermos como parte integrante deste tecido social em constante transformação.