Até 4 de Novembro a zona ribeirinha da margem sul… terá mais uma margem.
O Barreiro recebe a terceira edição do SONICA EKRANO, festival de música e cinema documental.
Este encontro, entre imagem e música, tem como protagonistas todos aqueles que habitam e proliferam nas margens da oferta massificada e da popularidade das tabelas e cujos ecos se fazem ver e ouvir.
O SONICA EKRANO abre a porta aos filmes que se focam nos artistas, sons e movimentos, tanto locais como globais que passam (quase) ocultos na extensa e constante oferta audiovisual do presente.
A edição de 2023,a terceira do festival, propõe-se como um espaço de acesso a obras cinematográficas, que mesmo tendo em conta a diversidade de plataformas digitais, continuam a ter um acesso limitado.
Os dias entre 26 de Outubro e 4 de Novembro, no Barreiro, constituem-se assim como contributo em prol da inclusão audiovisual, tendo como coordenadas essenciais, a diversidade geográfica e o equilíbrio entre perspectivas históricas e narrativas contemporâneas.
O nome do festival, SONICA EKRANO, Esperanto para “Tela de Som”, não é fruto do acaso.
Homenageia a tradição esperantista, muito vincada na margem sul e em particular no Barreiro, e celebra as linguagens universais da música e do cinema.
Ao longo de 19 sessões, divididas entre os Cinemas Castello Lopes do Fórum Barreiro e o Cineclube do Barreiro, serão apresentados outros tantos filmes, longas-metragens com produção posterior a 2020.
Destes 19 filmes, mais de metade serão estreias nacionais e uma estreia absoluta.
Esta terceira edição presta, entre outras áreas de grande interesse, uma atenção à música eletrónica (na perspetiva histórica), com filmes como Sound of Cologne, dedicado à movida criativa nessa cidade alemã na viragem do século, a surreal carreira dos KLF (Who Killed the KLF?, em estreia nacional); na sua contemporaneidade, com a velocidade radical do movimento Singeli ou a fama quase instantânea retratada em American Rapstar, ou ainda nas suas géneses ligadas ao mundo da composição clássica – Stockhausen (Stockhausen’s Legacy) ou Pauline Oliveros (com a estreia nacional do novíssimo Deep Listening – The story of Pauline Oliveros a merecer honras de sessão de encerramento, com a presença do realizador Daniel Weintraub).
O cenário político e cultural da Guerra Fria com The Subharchord; no movimento do rock independente alemão da década de 70 (vulgo krautrock, ele mesmo fonte de inspiração para tanta da música electrónica que se lhe seguiu) com retratos dos Can (Can and Me) ou de um dos seus icónicos vocalistas (Energy: A Documentary about Damo Suzuki) e com a herança vivida dos Embryo.
Por último e não menos importante, o poder da música para criar comunidades (The Elephant 6 Recordings Co.ou It Came from Aquarius Records) ou para fazer face a complicadas heranças sociais (Sirens e Mutant).
As ligações são múltiplas, abertas e livres mas o conjunto dos filmes exibidos mostra, se ainda fosse necessário, que as propriedades e poderes da música são das mais transversais conquistas da humanidade.
Também este ano, e pela primeira vez, o SONICA EKRANO oferece sessões de música ao vivo (concerto da nova iteração solo de Vaiapraia), uma noite de escuta atenta e festas de abertura (com George Silver) e encerramento (com Melina Blanco e DJ Danifox) – diferentes formas de celebrar o estar juntos, o cinema e a música.
Os ingressos para cada sessão custam 3€ e podem ser adquiridos aqui e nas lojas habituais.
Está disponível, por 15€, um passe de acesso a todos os filmes exibidos nos Cinemas Castello Lopes do Fórum Barreiro (uma das duas salas do festival, juntamente com o Cineclube do Barreiro, que não está incluído neste passe).
O festival, iniciado em 2021, já exibiu em diversos espaços do Barreiro filmes documentais sobre músicos e bandas como os Swans, Arvo Part, Delia Derbyshire, Poly Styrene, Telectu ou Courtney Barnett, entre muitos outros. É produzido e programado pela OUT.RA (a Associação responsável pelo OUT.FEST), com financiamento da Direção-Geral das Artes e do Município do Barreiro.